Retorno Punk
01:30 | Author: Baile Átha Cliath

O retorno ao Brasil da Espanha foi uma experiência traumática.

Uma tremenda onda de sentimentalismo e emoção tornou essa etapa bastante intensa. Consegui programar o meu mochilão, ao final dos estudos, quase que inteiramente contemplando cidades onde eu encontraria amigos. O roteiro foi o seguinte:

15/6 - término das aulas;
15/6 - viagem à Madrid de ônibus;
18/6 - viagem à Lisboa de avião com a Air Europa - vôo bizarro comprado de última hora;
18/6 - encontrei Emilia em Madrid;
19/6 - busquei minha mãe e minha tia no aeroporto;
22/6 - viagem ao Algarve;
23/6 - Faro à Huelva - hotel bizarro de 18 euros;
24/6 - Huelva a Sevilla;
24/6 a 28/6 - festas insanas em Sevilla, pessoal assinando minha bandeira na Alameda;
28/6 - voo a Barcelona com mãe, tia. Emilia já estava por lá;
4/7 - viagem à Marrakesh de Girona. Me encontrei com Paolo, Marina e Anna por lá;
11/7 - ida a Paris onde me encontrei com Guillaume e Florent;
16/7 - fui sozinho pra Strasburgo e fiquei duas noites num hostel muito louco;
18/7 - fui a Luxemburgo e fiquei acomodado na casa do Micael;
19/7 - fui a Bruxelas e encontrei a Smaro e o Vitório;
22/7 - fui pra Bratislava mas na sequencia já encontrei a Anna em Vienna;
27/7 - saí de Bratislava pra ir a Malaga;
27/7 - saí de Málaga e fui de ônibus a Sevilla.

Listando dessa forma me fez ver que foi uma correria. Não me lembrava tudo e tive que consultar o passaporte para ver os carimbos, hehehe.
Mas isso não passou de um prólogo. A grande aventura ainda estava para acontecer e seria o retorno ao Brasil. Meu voo de Madrid a SP, assim como o do Rodrigo, estava cancelado desde de fevereiro de 2011. A Ibéria alegou que tinha avisado a minha agencia e que esta que nos ocultou a informação, sendo a responsável pela situação - o que mais tarde através dos meus contatos eu verifiquei que era mentira. Neste sentido, a Ibéria "tirava o seu da reta" e se livrava de qualquer obrigação conosco em termos de indenização. Ficamos zonzos e desamparados no aeroporto de Sevilla até que uma funcionária da Ibéria nos mandou ir a Madrid e de lá buscar uma solução no balcão de atendimento aos clientes.
Eu já sabia que perderia o único compromisso que tinha no Brasil que era a formatura da minha prima, então estava sem pressa, assim como o Rodrigo. Nessa perspectiva tranquila, mantivemos a calma na hora de sermos atendidos, sem demandar nada do atendimento da Ibéria de maneira ríspida. A atendente apreciou tanto o nosso distinto comportamento (considerando que este tipo de funcionário do front está acostumado a ser mal tratado) que nos disponibilizou todas as vantagens que estavam ao seu alcance. Ficamos duas noites acomodados em um Hotel Meliá 4 estrelas, com todas as refeições inclusas e transporte. No retorno, ainda ficamos sentados de frente para a saída de emergência do avião, dispondo de espaço amplo para ficar confortável, foi demais!
You are your home!
01:07 | Author: Baile Átha Cliath

Confesso que fiquei decepcionado com a minha produção textual na Espanha em termos de quantidade. Ler e reler as minhas peripécias na ilha da magia - que foram devidamente registradas - são sempre uma reedição do que aconteceu. Recordar é viver.
Seria injusto me propor a tentar registrar tudo o que aconteceu no tempo que eu estive lá agora, na frieza da distância, com os acontecimentos todos já "digeridos" e processados... O que sim posso fazer é tentar avaliar o que já aconteceu, com a vantagem de não ter o fator "calor da hora" pressionando.

Continuo com a opinião de que "navegar é preciso". Tenho, ultimamente, tido contato com pessoas que questionaram a importância de se fazer uma viagem. São pessoas das quais eu realmente tenho um grande apreço e respeito a opinião. Mas neste caso, sinto muito! Há coisas que de fato só se aprende viajando, é um tipo de conhecimento valioso pela sua parca acessibilidade. Cada pessoa tem suas experiências e cada uma delas traz um aprendizado distinto. Me sinto muito satisfeito com as coisas que aprendi viajando, sendo o conhecimento adquirido através de pessoas disparado como o mais importante e volumoso.

Seria injusto e simplista listar nomes de pessoas que de fato fizeram uma grande diferença e mudaram a minha maneira de pensar drasticamente. Vou apenas registrar o que o Balint me disse antes de voltar para o Brasil de Dublin. Só fui tentar passar o que ele disse pro inglês uns 3 anos depois de ele ter me dito, então não reproduz exatamente as suas palavras:

"If you are someone that have never travelled before, you´ll probably find your hometown the best place in the world, and wouldn´t be able to call anywhere else in the world your home.
And then you decide to get yourself a little adventure to broaden your horizons by going to another city in another country. Time passes by, you feel ups and downs, but in the end you find that place good enough and set it as a place you could call your home as well.
Once again you get to know other places and, through the same process, you end up putting this new place in your list of places you could call home.
It happens over and over again and then you finaly realize that it doesn´t really matter where you go but how good you feel about yourself. Because you are your home, your body is your home, the home of your mind/soul. So as long as you know yourself and are satisfy about yourself you´ll be fine wherever you go".

"Quando tu mora na tua cidade tu existe, quando tu viaja tu vive". Valentine Nion, 2011
Fase de rápido aprendizado
20:00 | Author: Baile Átha Cliath

Mais uma vez sinto que to entrando numa fase de rápido aprendizado. Aconteceu o mesmo durante uma época na Irlanda em que tudo estava dando certo - dinheiro entrando, inglês melhorando, noites rolando e etc. Esses curtos períodos de grande intensidade são muito legais, parece que o conhecimento é absorvido mais facilmente, nossa esponja (cérebro) consegue fazer as conexões entre as matérias mais facilmente. Parece até que usamos aquela droga do filme Limitless (Sin Limites). hehehe.

A vantagem é que os conhecimentos que eu to absorvendo dessa vez são de nível superior/universitários. Minhas expectativas sobre a qualidade de ensino foram em muito superadas, de igual maneira o aprendizado que tenho com as pessoas aqui. Da outra vez, meu circulo social na Irlanda era muitíssimo menos "filtrado". A galera estava lá pra trabalhar, ralando. Muitos deles tinham ido para fazer a vida, assim que os aspectos culturais não afloravam muito. Aqui é diferente, meu circulo social é de uma gurizada jovem, universitária e de nacionalidades mais variadas das que eu tinha na ilha da magia.

A nostalgia já começa a bater na medida em que a galera se da conta de que está terminando. Essa semana é o encerramento de 2 festas, daqui a pouco to indo pra Caramelo com a galera - antes vamos jantar no ape da Anna e passar na Alfalfa pra tomar um trago.

DALE!
Feria
20:59 | Author: Baile Átha Cliath


Senhores, a situação está periclitante. Simplesmente a maior seqüencia (enfiada) de festas da minha vida. A feria de abril, que esse ano foi em maio, é uma semana inteira de feriado que se parece com a semana farroupilha. Uma determinada parte da cidade se enche de cassetas (piquetes) que podem ser públicas ou privadas - só é possível entrar em uma casseta privada se tu és convidado - e o pessoal vai tomar trago vestido com trajes folclóricos. Emendamos várias festas, churrascos, esquentas e etc nessa semana, foi barra pesada. Hoje, acho que ainda vou lá dar uma passada porque amanhã vamos todos pra praia.

Só vou escrever isso hoje porque a feria ainda não acabou, não deu para avaliar ela integralmente ainda.

Fui!
Jeitinho brasileiro na terra da rainha...
19:51 | Author: Baile Átha Cliath

Bah pessoal, o que aconteceu (ou quase aconteceu, vou deixar o suspense) em Liverpool, foi sem dúvida, um dos maiores cagaços que já passei viajando, talvez o piripaque que deu em Bariloche em 2007 tenha sido de ordem semelhante.

Tínhamos planejado uma viagem em estilo low budget, claro. Essa estratégia implicava chegar em Liverpool domingo de manhã cedo, passar o dia paleteando (do verbo paletear) as mochilas para cima e para baixo e, ao final, dormir no aeroporto já que nosso vôo saia ás 6:50 de segunda feira. Tudo correu conforme o plano até segunda feira de manhã, mas acabamos dormindo muito no aeroporto, foi aí que começou a novela - COCHILOU O CACHIMBO CAI!

Eu na verdade nem dormi até as 3 da manhã passadas, já que os lugares para se aprochegar eram extremamente desconfortáveis e fazia um friozaço dentro do aeroporto. Fiquei meio revoltado com isso, a galera da administração do aeroporto nem pra colocar o aquecimento ligado pra galera foi sacanagem. Bueno, lá pelas 3 liberou um sofá pra eu dormir, dormi instantaneamente. Tic-Tac, passou o tempo, e lá pelas 5 começamos a nos mexer para embarcar. Nem nos amarramos muito, foi tirar as horas mal dormidas da cara e se dirigir ao portão de embarque. Na ida, o procedimento em Sevilla tinha sido muito tranqüilo, levamos uns 10 minutos para passar pelo raio X e demais tramites pré embarque.

Em Liverpool a situação estava bem diferente, tinha uma fila gigante, uma gritaria, gente furando fila, gente passando mal e desmaiando, guardas despreparados e nervosos, uma tremenda farofada.

O tempo foi passando e nós não nos aproximávamos do raio X, começou a bater um desespero. Tentamos de todas as formas, falar com várias pessoas diferentes sobre a nossa situação de que perderíamos nosso vôo se algo não fosse feito mas NADA. No Reino Unido eles são extremamente meticulosos no raio X, TODOS devem tirar o sapato, cinto, celular e o que seja até que a maquina não acuse absolutamente nada de metal contigo, é foda.

Quando finalmente chegou a nossa hora, estava exatamente na hora (6:50) que o avião deveria estar decolando (o prazo de fechamento dos portões de embarque já tinha expirado há uns 40 minutos). Fiquei para trás do pessoal, que saiu numa marcha desvairada tentando deter o "bixo véio". Fiz uma malandragem das boa, meti tudo que era de líquido nos bolsos porque não tinha os plasticozinhos adequados, essa sempre funciona, fica a dica. Passei zunindo pelo raio X, nem amarrei os cadarços do tênis e já saí correndo pro portão de embarque. Já sentia aquele nó na garganta, não ia dar certo, eu ia cruzando os portões de embarque em um ritmo extremamente desanimador: cada 20 passos passava por 1. Nesse ritmo seriam 800 passos até chegar ao portão 40!!! Do nada, no meio do caminho uma mulher me pergunta pra qual portão eu ia, falei 40, esbaforido, ela me indicou um atalho. Sai pelo meio de uma saída de emergência que levava direto pro 40, cheguei antes que a galera.

Quando visualizei o portão, junto dele vi um cara receber informações no rádio e, na seqüencia, fechar a porta na minha cara. Parecia cena de filme. Na hora já esbocei a indignação, mal tinha começado a argumentar e já escutei a galera chegar atrás de mim para ajudar. Com todo o stress e emoção da hora fica difícil precisar quanto tempo ficamos ali, logo depois já chegaram uns espanhóis para reforçar nossa pelea. Começamos a tentar "ganhar no grito" mas os guardinhas estavam inflexíveis, a principio eles só cumpriam ordens e não tinham autonomia para abrir a porta. Lá pelas tantas, quando eu já tinha desistido, eles liberaram - a essas alturas já estavam tentando nos conformar de que seria necessário comprar mais uma passagem e a minha flatmate Marina já tinha atirado a mochila dela no chão de raiva.

Entramos na aeronave e encaramos aquela cara de desaprovação dos demais passageiros com uma alegria indescritível, conseguimos embarcar!!!

Foi mais ou menos isso, hehehe. Teria sido a coisa mais idiota do mundo dormir no aeroporto, chegar 7 horas antes do vôo e perdê-lo. Ainda bem que deu tudo certo!
Liverpool, copada!
18:31 | Author: Baile Átha Cliath

Sem muita inspiração pra escrever mas não quero acumular muita coisa pra registrar mais tarde.

Liverpool é bem simples de descrever o que foi: DEMAIS!
Eu tinha uma espectativa bem baixa da cidade, achando que realmente tudo girava em torno dos Beatles, que onde quer que eu fosse eu veria referencias da banda e seria mais ou menos isso - o que já me bastaria. Mas a idéia de "disneylandia para beatlemaníacos" foi precipitada, a cidade é muitíssimo mais que isso. Impressiona pelo capricho, modernidade e dinâmica. É uma das cidades mais modernas que já fui na Europa, impressionante a estrutura que ela tem. Um porto parecido com o de Barcelona (até certo ponto, claro) que é um baita charme. Eu simplesmente não queria ir embora da cidade (e quase não fui, hehehe), definitivamente na lista de cidades que eu moraria nem que fosse provisóriamente - RECOMENDADO.

Fizemos o bustour dos Beatles, The Magical Mistery Tour, que foi emocionante! Tinha um enfoque bem histórico e musical, passamos pelas casas onde eles moravam, os lugares onde se conheceram, as escolas onde estudaram e muitos outros. A parte apelativa, no bom sentido, foi passar por Penny Lane escutando a música, fizemos o mesmo em Strawberry Fields, foi de arrepiar.

Fechamos a viagem indo ao Cavern Club. Já que não tínhamos hostel, entramos todos com as mochilas nas costas, foi meio bizarro, mas é exatamente esse tipo de perrengue que nós levamos das viagens como experiência. Rolou um showzinho estilo rockabilly com várias músicas dos Beatles, rolava um público mais velho no Pub - dava pra ver nos olhos deles a emoção.
Manchestaaaaaahhh
14:19 | Author: Baile Átha Cliath

Ficamos pouco tempo nessa cidade, um dia. Copamos ao estilo Cauê, na cavalice. Deu tempo de fazer dois walkink tours diferentes, socializar com a galera do hostel a ponto de juntar uma orda de uns 12 neguinho para ir a Sankeys - novamente, uma das melhores boates eletronicas do mundo.

É a cidade européia mais feia que eu já fui, de longe. As marcas da revolução industrial são muito claras, ao invés da arquitetura bacana que sempre tem nos centros das cidades européias, rolam uns galpões sujos e quadrados. A cidade foi totalmente transformada, poucos prédios caprixados sobraram. Existe uma idéia de funcionalidade muito forte, tudo é racionalizado para evitar o desperdício - de espaço, dinheiro, trabalho e etc.

Para se ter uma idéia, existem prédios importantes com uma fachada bonita mas que, dos lados e atrás, são crivados de tijolos.

No mais, é um lugar bem inspirador. Foi ali que Marx e Engels fizeram suas pesquisas de campo sobre a clase trabalhadora para elaborar, mais tarde, o Manifesto do Partido Comunista. Documento que determinou as bases do sistema socialista e que mudou radicalmente o mundo.
A rainha é barra pesada
12:56 | Author: Baile Átha Cliath

Reino Unido copado mais uma vez.

Já somo 15 dias em solo britânico juntando as duas trips. Dessa vez tive a impressão de que a coisa não fluiu tão bem quanto da primeira ida. Certamente o inglês está pior agora e o ouvido já não tem aquela sintonia fina para entender o sotaque dos caras. Me virei de boaça, mas me irritou que algumas vezes adivinhavam que eu era latino pelo sotaque (ainda que eu tenha uma lata de coxa branca).

O tempo estava incrível. Foram 7 dias de sol intenso, levamos o sol senegalês da Andaluzia para a terra dos Oasis, Joy Division, The Beatles, The Rolling Stones, Blur, Black Sabbath, Cream, Coldplay, The Clash, Eric Clapton, The Kinks, Led Zeppelin, Pink Floyd, The Police, Queen, Radiohead, The Who, The Cure e.............. Nunca na história do Reino Unido fez um tempo tão bom, só pela noite que dava uma esfriada mas não chegava a comprometer.

Reforcei tudo que eu já tinha visto em Londres e fiz alguns passeios novos como Primrose Hill, London Eye e Greenwich. Além disso, fizemos duas noites bem legais. Uma delas foi um Pub Crawl e a outra na Fabric, uma das melhores boates eletronicas do mundo - http://www.fabriclondon.com/
Eram 3 pistas principais, numa delas rolava musica ao vivo, na outra um som eletronico mais popular e na ultima um som eletronico com DJ performático. As bandas que tocaram eram tão alternativas que tinha que se esforçar para "digerir" o som, até mesmo pra mim que curto muito som ao vivo com a idéia de quanto mais bizarro melhor - me lembrou do festival de poesia Slovena que vi em Lubjana: um cara declamando em sloveno num palco ao lado de um outro maltratando um baixo.
O DJ mandava bem demais na técnica, incrível.

Comprei a jaqueta do House em Camden Town, na real é até mais bonita que a do House, mandei bem demais!


Família é coisa pra se guardar...
20:58 | Author: Baile Átha Cliath

...do lado esquerdo do peito!


Comecei a escrever isso aqui com a intenção somente de agradecer ao pessoal de Barcelona por ter me recebido tão bem. Acabei chorando pela primeira vez desde que cheguei aqui na Espanha, e acho que pela segunda vez em continente europeu.

Me dei conta de que, é a segunda vez que a Emília me recebe na casa dela e que pela segunda vez passamos pelo ritual de se encontrar em território distante. Dessa vez registrei em vídeo o momento, que segue no link abaixo:


Devo um montão pra ela, te amo prima!
!Barcelona es poderosa!
19:37 | Author: Baile Átha Cliath

É pessoal, finalmente conheci Barcelona. Tinha, no mochilão de 2009, esse destino na minha rota mas infelizmente na ocasião não foi possível ir a cidade.

Até então, eu conhecia uma grande metrópole européia que é Londres. As demais cidades, ainda que tivessem importâncias distintas (cultural e/ou histórica por exemplo), não tinham um peso tão significativo de ordem econômica atualmente, pelo menos não explicitamente.

Grandes cidades européias que eu conhecia (tirando Londres):

  • Berlin - indústria de turismo e serviços muito desenvolvida, mas por sua história unica, e condições de sitio que a cidade enfrentou, não tem uma indústria muito pujante;
  • Roma;
  • Viena.
Barcelona logo na chegada já se mostrou uma potência. A estrutura proporcionada para os turistas é a melhor que eu já vi na minha vida. O volume de informações, organização, freqüência do transporte público, qualificação do pessoal que trabalha nessa indústria e etc foi de tirar o chapéu.

Uma das coisas que eu mais pagava pau pra Londres é o seu transporte público. Amplo e integrado. Em Barcelona, não só amplo é o transporte público (claro que se trata de uma cidade bem menor que nem tem muito para onde se expandir segundo meu ex colega de trabalho Lorenzo) como também ainda mais integrado, na medida em que, além de ônibus e metro, existe um bondinho que está "incluído no pacote". As estações de metro, especialmente as mais novas, estão todas decoradas com temas não publicitários, ou pelo menos com um nível de poluição visual bem menor do que poderia ser. Em uma das estações, que não me lembro do nome agora, de cada 8 painéis 1 era de publicidade. Todos os demais tinham um "Q" artístico como por exemplo uma mescla de borboletas e folhas secas em um fundo branco, muito bonito.

Aliás, a cidade respira arte. É evidente o capricho, atenção e dinheiro que é investido neste quesito. Em muitos detalhes onde o mais fácil e barato seria fazer algo mais simples, existe algum diferencial que individualiza a cidade.

Para não tornar tão longo esse post, vou apenas contar um fato curioso que ocorreu logo que eu cheguei.

Já tínhamos recebido aqui em casa por 2 dias 2 gurias de Barcelona que são amigas de um amigo da Marina. As gurias não eram um mar de simpatia e constantemente falavam em catalão na nossa frente, na cara dura. Rodrigo, creio que seguindo meu exemplo, deu no meio delas um dia aqui de tarde e perguntou porque não falávamos todos em português. BEM RODRIGO! Além disso, já tinha recebido inúmeros relatos de que os catalães não são lá muito amigáveis e são bem fechados e arrogantes. Aconteceu que, quando cheguei no aeroporto de Barcelona, fui até um quiosquezinho de atendimento a turistas para me informar como chegar ao apê da Emi. O nome da rua é "Lluis qualquercoisa", estranhei um pouco o "LL" no início do nome Lluis e perguntei pra moça se aquilo estava realmente certo. Ela respondeu: "Sim, é catalão!". hehehehe, na hora, na chegada, no meu primeiro contato, já vi que para os turistas eles fazem questão de deixar isso bem claro.

Tirando isso, claro que toda a estrutura de comunicação da cidade está em catalão. Nos lugares turísticos a ordem é a seguinte: 1. Catação, 2. Inglês e 3. Espanhol.

Mais ou menos isso aí galera, conto mais (e muito mais) ao vivo mostrando alguma foto.
23 anos
22:51 | Author: Baile Átha Cliath

Ontem completei 23 anos de idade.

Nasci 17/3/1988. 23 anos, 1 dia e muitos fios de cabelo a menos depois teclo daqui de Sevilla aos meus queridos - e a mim mesmo, claro.

Ontem foi dia de inaugurar uma nova fase. Primeiro porque estou começando a me sentir totalmente integrado a Sevilla, depois porque foi a primeira vez que provei Absinto. Essa é uma etapa importante na vida de qualquer pessoa, a fada verde é de puta madre!
O pessoal organizou uma festona aqui pra mim, melhor do que eu mereceria. Teve feijão e estrogonofe para comer. Mas claro que foi com a bebida que algo curioso aconteceu...
Estávamos em um supermercado do Corte Inglés aqui perto de casa, encontramos a 51 (saudosa cachaça 51) sendo comercializada a módicos 13 euros. Nunca doeu tanto comprar uma cachaça. Não pensem que o sabor de uma 51 de 13 euros seja melhor do que uma de 4 reais. O gosto é o mesmo aquele que os mendigos da praça Garibaldi estão acostumados, a coisa é séria.
Ocorre que, duas prateleiras abaixo, encontramos essa garrafa de Absinto por 16 euros. O custo benefício, considerando a experiência unica de provar um Absinto, estava muito pendendo para a bebida verde (ainda mais que se tratava de dia de St. Patrick). Resolvemos investir um pouco mais e levar ambas garrafas.
Foi uma tremenda sassaricada aqui no apê na volta, um rebuliço. Preparamos a bebida que, em sua embalagem, vinha até com uma colherzinha especial para tocar o processo. É necessário apoiar essa colher no topo do copo com um cubinho de açúcar em cima. Pouco a pouco despeja-se agua gelada no cubinho até que o açúcar se misture com o néctar.
O saldo da noite foi uma misturada de: Cachaça, whisky, Tequila, Vodka, Absinto e Cerveja.
Colocando nesses termos da a impressão de que acordei no dia seguinte pelado em Triana só com um cocar de indio na cabeça e meu passaporte com um carimbo do Yemen. Mas na verdade as quantidades foram bem moderadas, fiquei de boaça.
Mais um capítulo sobre a internet...
09:37 | Author: Baile Átha Cliath

Hoje, depois de homologar mais de 3 protocolos junto a Orange (empresa telefônica da qual estamos contratando o serviço de internet), veio aqui um pessoal técnico e fez uma anarquia. O plano era deixar tudo funcionando, não deu certo infelizmente.
É necessário puxar uma linha nova e solicitar isso junto ao proprietário. Já o chamamos e deixamos tudo engatilhado mas visto que essa novela já se estende por mais de 2 semanas, fica a sensação de que nunca teremos uma internet boa que seja somente nossa.
Por hora o vizinho concordou em dividir a conexão dele até que o problema seja resolvido. A conexão é bem boa.
Veremos...
Inspiração
00:58 | Author: Baile Átha Cliath

Essas duas últimas postagens tiveram um certo delay. A data de postagem ideal, seguindo uma ordem cronológica, seria dia 19 deste mês. Tive um problema aqui com o Windows pirata e não consegui postar antes.

Bueno, bombardiei a galera com 3 postagens de uma só vez, só os muito guerreiros vão aguentar uma enfiada de 3 produções textuais made by Cauê de uma só vez. Os saúdo!

Algumas coisas importantes aconteceram nos últimos dias, minha matrícula, a primeira dor de garganta, o alinhamento completo e definitivo dos horários das aulas e etc. De tudo isso não tem nada que eu realmente queira me lembrar no futuro ou detalhar aqui com muita minúcia.

O que eu gostaria de registrar aqui, mais pra mim e para os grandes produtores de Hoolywood (Bollywood não, ainda mantenho a birra com indianos), é a onda de inspiração cinematográfica que estamos tendo aqui no apê. Tivemos idéia de 2 roteiros e algumas cenas aleatórias. Tudo bem basicão e cru, mas tem ocupado um bom tempo do pessoal nas rodas de conversas antes das noites.

1. Um homem começa a ter pesadelos cada vez mais intensos e frequentes. Nestes pesadelos ele a principio só agride pessoas e vaga pelas ruas. Na medida que o tempo vai passando os sonhos começam a ficar mais e mais violentos e ele começa a matar pessoas. Concomitante a isso, de plano de fundo, várias notícias sobre crimes noturnos começam a aparecer na mídia, jornais, televisão, rádio e etc. Ele vai pouco a pouco se dando conta de que ele é o agressor noturno através destas pequenas dicas (que os telespectadores vão se dando conta e se achando espertos por descobrir uns antes que os outros no transcorrer do filme) que vão acontecendo na medida em que a trama se desenrola. Ainda tem que achar espaço para colocar uma mulher atraente e uma criança no filme para que ele fique melhor, filme de terror bom tem que ter criança... hehehe

2. Um grupo de amigos chega de uma viagem de final de semana (tivemos a idéia quando voltamos da Sierra Nevada) e começa a desarrumar as suas malas. Um deles, no caso eu, deixa a camera digital ligada para gastar o resto das baterias dela - esta fica mirando pro alto. Nisso acontece de entrar alguém no apartamento e matar todos eles. Este é o inicio do filme.

Bah me dei conta que só pensei em filme de terror. Que mente mais psicótica. Acho que estou escutando muito Juliette and the Licks.


Todas las veintinueve
00:37 | Author: Baile Átha Cliath


É difícil escolher por onde começar quando tanta coisa aconteceu. Esses primeiros 14 dias na Espanha foram muito intensos. Neste mesmo período inicial em Dublin, eu ainda estava na etapa de conhecer a cidade, pegar um mapa e um pacote de cookies a tira colo e sair explorando alguma região da cidade que não tinha ido ainda, descriteriosamente.

Esse tipo de comparação vai ser muito frequente daqui pra frente, entre Dublin e Sevilla. Natural que eu analise essa nova experiência com a única referencia de cidade europeia que eu já tenha morado.

Entre as tantas coisas que aconteceram nestes primeiros dias estão: busca por apartamento, assinatura de contrato de apartamento, noite, ida a jogo de futebol – avantti Betis!, estabelecimento de muitos novos contatos, busca por flatmate, ida a espetáculo de Flamenco, tentativas de ficar borracho – todas em vão, sou imune a Espanha -, bate e volta para Cordoba, banho e massagem árabe, bate e volta para Granada, esqui na Sierra Nevada, quedas de esqui na Sierra Nevada, dores constantes pelas quedas no esqui de Sierra Nevada e etc. hehehe. Acho que consegui me lembrar da maioria das coisas, loucura.

É assim que eu começo a escrever sobre minhas aventuras e desventuras na Espanha. Com a expectativa de que em 6 meses será feito muito mais do que em um ano em Dublin.

Mochilão
00:21 | Author: Baile Átha Cliath

Eu tinha muito solenemente prometido que meu primeiro post após a ida para o mochilão em 2009 seria sobre o mesmo, peidei na farofa. Felizmente achei uma desculpa boa para essa falha.

Ao invés de ficar importunando vocês com detalhes irrelevantes como a cor da maçaneta da porta do hostel em Brugge, vou poder escrever de forma muito mais objetiva e imparcial, os FATOS principais a respeito da viagem. Sem que a emoção da hora me faça esquecer de algum highlight ou pontuar demais alguma situação não tão importante.

Essa foi de longe a experiência mais construtiva da minha vida. O que eu aprendi viajando não se ensina em lugar nenhum. Uma das coisas que mais gostei foi sentir que to pronto pro mundo, pode mandar que eu mato no peito. Em 3 cidades, Budapest, Praga e Lubjana, chegamos entre as 9h30min às 11hs da noite sem ter a mínima noção de como fazer para chegar na nossa acomodação (nossa, minha e do André – grande mestre e companheiro de viagem). Tivemos que nos virar usando transporte público em cidades onde taxistas/motoristas de ônibus entre outros não falam uma palavra de inglês. Caminhamos em Budapest uns 40min com todo o peso das mochilas nas costas porque descemos muito antes do BUS, fizemos mimicas e apontamos diversas vezes para o nome da rua onde tínhamos que chegar em Lubjana, ligamos de telefone publico em Praga porque chegamos na casa do nosso couchsurfing e ela não estava lá, foram vários os perrengues para que tudo desse certo no final!

Vou falar um pouco sobre a chegada em Praga porque foi muito legal, ao longo do ano vou aprofundando outas peripécias.

Chegamos de trem na estação central de Praga e já era noite. Noite fechada. A estação parecia com a rodoviária de Porto Alegre, talvez ainda pior. Era obra e concreto velho pra tudo que era lado. Encontramos uns mochileiros na saída da ”rodoviária”, o que em circunstâncias normais seria algo muito positivo, só que eles estavam indo para o centrão (onde ficam os hostels) e nós indo para a estação de Nové Budovick (ou algo parecido) no SUBURBIO da cidade.

Iríamos fazer o CS* no apê de uma guria de lá mesmo, a Adela. Essa seria a primeira experiência dela em receber alguém e a nossa primeira em realmente se acomodar com o pessoal local – tínhamos ficado com Poloneses na Escócia.

Descemos na estação recomendada e nos deparamos com uma região muitíssimo mal sinalizada. Foi muito punk encontrar alguém para nos ajudar, e quem passava não entendia nada de inglês. O prédio era feíssimo, mais tarde ela nos contaria que este tinha sido construído no tempo do socialismo, blocões sóbrios, nada coloridos, vidros quebrados, elevador sem porta, paredes de papelão e arquitetura sombria. Ficamos aguardando e aguardando. Nada de ela chegar nem de atender a porta. Fomos ate um telefone público que nos respondia tudo em Tcheco, foi foda. Voltamos para a frente do prédio já pensando na possibilidade de ter que dormir na rua, ou na estação de metrô (fomos espertos em ter comprado os sacos de dormir). Sinceramente não fiquei desesperado, estava até esperando que algo desse nível fosse acontecer durante a viagem, tinha chegado a hora.

Quando a esperança já tinha acabado totalmente e esperávamos só porque ninguém tinha tomado a iniciativa de dar um basta na situação, aparece uma menina saindo do meio do portão negro do prédio. Era ela, a Adela. Tinha uma cara muito meiga e confiável. O que ocorreu foi um mal entendido, ela foi nos aguardar na estação de trem e nós fomos direto para a casa dela. Nada que 2 xicaras de chá tradicional Tcheco (com mel) depois não fosse esclarecido. Fomos muitíssimo bem recebidos, ela nos colocou no quarto e nos deu diversas dicas sobre a viagem.

A Adela era bem pobre, usava o metro sem pagar e eventualmente era pega e pagava a multa. Aprendemos com ela que ninguém pode ser multado mais de uma vez no mesmo dia, então se um dia tu fores multado em Praga às 7hs da manhã, por exemplo, pode ficar pegando o transporte sem pagar o resto do dia que não da nada! Sacou?

Acho que é isso, em breve volto com mais.