Retorno Punk
01:30 | Author: Baile Átha Cliath

O retorno ao Brasil da Espanha foi uma experiência traumática.

Uma tremenda onda de sentimentalismo e emoção tornou essa etapa bastante intensa. Consegui programar o meu mochilão, ao final dos estudos, quase que inteiramente contemplando cidades onde eu encontraria amigos. O roteiro foi o seguinte:

15/6 - término das aulas;
15/6 - viagem à Madrid de ônibus;
18/6 - viagem à Lisboa de avião com a Air Europa - vôo bizarro comprado de última hora;
18/6 - encontrei Emilia em Madrid;
19/6 - busquei minha mãe e minha tia no aeroporto;
22/6 - viagem ao Algarve;
23/6 - Faro à Huelva - hotel bizarro de 18 euros;
24/6 - Huelva a Sevilla;
24/6 a 28/6 - festas insanas em Sevilla, pessoal assinando minha bandeira na Alameda;
28/6 - voo a Barcelona com mãe, tia. Emilia já estava por lá;
4/7 - viagem à Marrakesh de Girona. Me encontrei com Paolo, Marina e Anna por lá;
11/7 - ida a Paris onde me encontrei com Guillaume e Florent;
16/7 - fui sozinho pra Strasburgo e fiquei duas noites num hostel muito louco;
18/7 - fui a Luxemburgo e fiquei acomodado na casa do Micael;
19/7 - fui a Bruxelas e encontrei a Smaro e o Vitório;
22/7 - fui pra Bratislava mas na sequencia já encontrei a Anna em Vienna;
27/7 - saí de Bratislava pra ir a Malaga;
27/7 - saí de Málaga e fui de ônibus a Sevilla.

Listando dessa forma me fez ver que foi uma correria. Não me lembrava tudo e tive que consultar o passaporte para ver os carimbos, hehehe.
Mas isso não passou de um prólogo. A grande aventura ainda estava para acontecer e seria o retorno ao Brasil. Meu voo de Madrid a SP, assim como o do Rodrigo, estava cancelado desde de fevereiro de 2011. A Ibéria alegou que tinha avisado a minha agencia e que esta que nos ocultou a informação, sendo a responsável pela situação - o que mais tarde através dos meus contatos eu verifiquei que era mentira. Neste sentido, a Ibéria "tirava o seu da reta" e se livrava de qualquer obrigação conosco em termos de indenização. Ficamos zonzos e desamparados no aeroporto de Sevilla até que uma funcionária da Ibéria nos mandou ir a Madrid e de lá buscar uma solução no balcão de atendimento aos clientes.
Eu já sabia que perderia o único compromisso que tinha no Brasil que era a formatura da minha prima, então estava sem pressa, assim como o Rodrigo. Nessa perspectiva tranquila, mantivemos a calma na hora de sermos atendidos, sem demandar nada do atendimento da Ibéria de maneira ríspida. A atendente apreciou tanto o nosso distinto comportamento (considerando que este tipo de funcionário do front está acostumado a ser mal tratado) que nos disponibilizou todas as vantagens que estavam ao seu alcance. Ficamos duas noites acomodados em um Hotel Meliá 4 estrelas, com todas as refeições inclusas e transporte. No retorno, ainda ficamos sentados de frente para a saída de emergência do avião, dispondo de espaço amplo para ficar confortável, foi demais!
You are your home!
01:07 | Author: Baile Átha Cliath

Confesso que fiquei decepcionado com a minha produção textual na Espanha em termos de quantidade. Ler e reler as minhas peripécias na ilha da magia - que foram devidamente registradas - são sempre uma reedição do que aconteceu. Recordar é viver.
Seria injusto me propor a tentar registrar tudo o que aconteceu no tempo que eu estive lá agora, na frieza da distância, com os acontecimentos todos já "digeridos" e processados... O que sim posso fazer é tentar avaliar o que já aconteceu, com a vantagem de não ter o fator "calor da hora" pressionando.

Continuo com a opinião de que "navegar é preciso". Tenho, ultimamente, tido contato com pessoas que questionaram a importância de se fazer uma viagem. São pessoas das quais eu realmente tenho um grande apreço e respeito a opinião. Mas neste caso, sinto muito! Há coisas que de fato só se aprende viajando, é um tipo de conhecimento valioso pela sua parca acessibilidade. Cada pessoa tem suas experiências e cada uma delas traz um aprendizado distinto. Me sinto muito satisfeito com as coisas que aprendi viajando, sendo o conhecimento adquirido através de pessoas disparado como o mais importante e volumoso.

Seria injusto e simplista listar nomes de pessoas que de fato fizeram uma grande diferença e mudaram a minha maneira de pensar drasticamente. Vou apenas registrar o que o Balint me disse antes de voltar para o Brasil de Dublin. Só fui tentar passar o que ele disse pro inglês uns 3 anos depois de ele ter me dito, então não reproduz exatamente as suas palavras:

"If you are someone that have never travelled before, you´ll probably find your hometown the best place in the world, and wouldn´t be able to call anywhere else in the world your home.
And then you decide to get yourself a little adventure to broaden your horizons by going to another city in another country. Time passes by, you feel ups and downs, but in the end you find that place good enough and set it as a place you could call your home as well.
Once again you get to know other places and, through the same process, you end up putting this new place in your list of places you could call home.
It happens over and over again and then you finaly realize that it doesn´t really matter where you go but how good you feel about yourself. Because you are your home, your body is your home, the home of your mind/soul. So as long as you know yourself and are satisfy about yourself you´ll be fine wherever you go".

"Quando tu mora na tua cidade tu existe, quando tu viaja tu vive". Valentine Nion, 2011