Bah pessoal, o que aconteceu (ou quase aconteceu, vou deixar o suspense) em Liverpool, foi sem dúvida, um dos maiores cagaços que já passei viajando, talvez o piripaque que deu em Bariloche em 2007 tenha sido de ordem semelhante.
Tínhamos planejado uma viagem em estilo low budget, claro. Essa estratégia implicava chegar em Liverpool domingo de manhã cedo, passar o dia paleteando (do verbo paletear) as mochilas para cima e para baixo e, ao final, dormir no aeroporto já que nosso vôo saia ás 6:50 de segunda feira. Tudo correu conforme o plano até segunda feira de manhã, mas acabamos dormindo muito no aeroporto, foi aí que começou a novela - COCHILOU O CACHIMBO CAI!
Eu na verdade nem dormi até as 3 da manhã passadas, já que os lugares para se aprochegar eram extremamente desconfortáveis e fazia um friozaço dentro do aeroporto. Fiquei meio revoltado com isso, a galera da administração do aeroporto nem pra colocar o aquecimento ligado pra galera foi sacanagem. Bueno, lá pelas 3 liberou um sofá pra eu dormir, dormi instantaneamente. Tic-Tac, passou o tempo, e lá pelas 5 começamos a nos mexer para embarcar. Nem nos amarramos muito, foi tirar as horas mal dormidas da cara e se dirigir ao portão de embarque. Na ida, o procedimento em Sevilla tinha sido muito tranqüilo, levamos uns 10 minutos para passar pelo raio X e demais tramites pré embarque.
Em Liverpool a situação estava bem diferente, tinha uma fila gigante, uma gritaria, gente furando fila, gente passando mal e desmaiando, guardas despreparados e nervosos, uma tremenda farofada.
O tempo foi passando e nós não nos aproximávamos do raio X, começou a bater um desespero. Tentamos de todas as formas, falar com várias pessoas diferentes sobre a nossa situação de que perderíamos nosso vôo se algo não fosse feito mas NADA. No Reino Unido eles são extremamente meticulosos no raio X, TODOS devem tirar o sapato, cinto, celular e o que seja até que a maquina não acuse absolutamente nada de metal contigo, é foda.
Quando finalmente chegou a nossa hora, estava exatamente na hora (6:50) que o avião deveria estar decolando (o prazo de fechamento dos portões de embarque já tinha expirado há uns 40 minutos). Fiquei para trás do pessoal, que saiu numa marcha desvairada tentando deter o "bixo véio". Fiz uma malandragem das boa, meti tudo que era de líquido nos bolsos porque não tinha os plasticozinhos adequados, essa sempre funciona, fica a dica. Passei zunindo pelo raio X, nem amarrei os cadarços do tênis e já saí correndo pro portão de embarque. Já sentia aquele nó na garganta, não ia dar certo, eu ia cruzando os portões de embarque em um ritmo extremamente desanimador: cada 20 passos passava por 1. Nesse ritmo seriam 800 passos até chegar ao portão 40!!! Do nada, no meio do caminho uma mulher me pergunta pra qual portão eu ia, falei 40, esbaforido, ela me indicou um atalho. Sai pelo meio de uma saída de emergência que levava direto pro 40, cheguei antes que a galera.
Quando visualizei o portão, junto dele vi um cara receber informações no rádio e, na seqüencia, fechar a porta na minha cara. Parecia cena de filme. Na hora já esbocei a indignação, mal tinha começado a argumentar e já escutei a galera chegar atrás de mim para ajudar. Com todo o stress e emoção da hora fica difícil precisar quanto tempo ficamos ali, logo depois já chegaram uns espanhóis para reforçar nossa pelea. Começamos a tentar "ganhar no grito" mas os guardinhas estavam inflexíveis, a principio eles só cumpriam ordens e não tinham autonomia para abrir a porta. Lá pelas tantas, quando eu já tinha desistido, eles liberaram - a essas alturas já estavam tentando nos conformar de que seria necessário comprar mais uma passagem e a minha flatmate Marina já tinha atirado a mochila dela no chão de raiva.
Entramos na aeronave e encaramos aquela cara de desaprovação dos demais passageiros com uma alegria indescritível, conseguimos embarcar!!!
Foi mais ou menos isso, hehehe. Teria sido a coisa mais idiota do mundo dormir no aeroporto, chegar 7 horas antes do vôo e perdê-lo. Ainda bem que deu tudo certo!
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