Eu tinha muito solenemente prometido que meu primeiro post após a ida para o mochilão em 2009 seria sobre o mesmo, peidei na farofa. Felizmente achei uma desculpa boa para essa falha.
Ao invés de ficar importunando vocês com detalhes irrelevantes como a cor da maçaneta da porta do hostel em Brugge, vou poder escrever de forma muito mais objetiva e imparcial, os FATOS principais a respeito da viagem. Sem que a emoção da hora me faça esquecer de algum highlight ou pontuar demais alguma situação não tão importante.
Essa foi de longe a experiência mais construtiva da minha vida. O que eu aprendi viajando não se ensina em lugar nenhum. Uma das coisas que mais gostei foi sentir que to pronto pro mundo, pode mandar que eu mato no peito. Em 3 cidades, Budapest, Praga e Lubjana, chegamos entre as 9h30min às 11hs da noite sem ter a mínima noção de como fazer para chegar na nossa acomodação (nossa, minha e do André – grande mestre e companheiro de viagem). Tivemos que nos virar usando transporte público em cidades onde taxistas/motoristas de ônibus entre outros não falam uma palavra de inglês. Caminhamos em Budapest uns 40min com todo o peso das mochilas nas costas porque descemos muito antes do BUS, fizemos mimicas e apontamos diversas vezes para o nome da rua onde tínhamos que chegar em Lubjana, ligamos de telefone publico em Praga porque chegamos na casa do nosso couchsurfing e ela não estava lá, foram vários os perrengues para que tudo desse certo no final!
Vou falar um pouco sobre a chegada em Praga porque foi muito legal, ao longo do ano vou aprofundando outas peripécias.
Chegamos de trem na estação central de Praga e já era noite. Noite fechada. A estação parecia com a rodoviária de Porto Alegre, talvez ainda pior. Era obra e concreto velho pra tudo que era lado. Encontramos uns mochileiros na saída da ”rodoviária”, o que em circunstâncias normais seria algo muito positivo, só que eles estavam indo para o centrão (onde ficam os hostels) e nós indo para a estação de Nové Budovick (ou algo parecido) no SUBURBIO da cidade.
Iríamos fazer o CS* no apê de uma guria de lá mesmo, a Adela. Essa seria a primeira experiência dela em receber alguém e a nossa primeira em realmente se acomodar com o pessoal local – tínhamos ficado com Poloneses na Escócia.
Descemos na estação recomendada e nos deparamos com uma região muitíssimo mal sinalizada. Foi muito punk encontrar alguém para nos ajudar, e quem passava não entendia nada de inglês. O prédio era feíssimo, mais tarde ela nos contaria que este tinha sido construído no tempo do socialismo, blocões sóbrios, nada coloridos, vidros quebrados, elevador sem porta, paredes de papelão e arquitetura sombria. Ficamos aguardando e aguardando. Nada de ela chegar nem de atender a porta. Fomos ate um telefone público que nos respondia tudo em Tcheco, foi foda. Voltamos para a frente do prédio já pensando na possibilidade de ter que dormir na rua, ou na estação de metrô (fomos espertos em ter comprado os sacos de dormir). Sinceramente não fiquei desesperado, estava até esperando que algo desse nível fosse acontecer durante a viagem, tinha chegado a hora.
Quando a esperança já tinha acabado totalmente e esperávamos só porque ninguém tinha tomado a iniciativa de dar um basta na situação, aparece uma menina saindo do meio do portão negro do prédio. Era ela, a Adela. Tinha uma cara muito meiga e confiável. O que ocorreu foi um mal entendido, ela foi nos aguardar na estação de trem e nós fomos direto para a casa dela. Nada que 2 xicaras de chá tradicional Tcheco (com mel) depois não fosse esclarecido. Fomos muitíssimo bem recebidos, ela nos colocou no quarto e nos deu diversas dicas sobre a viagem.
A Adela era bem pobre, usava o metro sem pagar e eventualmente era pega e pagava a multa. Aprendemos com ela que ninguém pode ser multado mais de uma vez no mesmo dia, então se um dia tu fores multado em Praga às 7hs da manhã, por exemplo, pode ficar pegando o transporte sem pagar o resto do dia que não da nada! Sacou?
Acho que é isso, em breve volto com mais.
1 comentários:
Só mais uma coisa, a gente só tinha o número do AP dela, mas, na Rep. Tcheca não aparecem os números no interfone, apenas o sobrenome da família...só imagina